Técnicas e Fazeres / Telhado e chuvas
As mudanças climáticas que atingem a cidade de São Paulo podem ser verificadas no regime de chuvas. A alcunha da cidade de S. Paulo como terra da garoa vem perdendo o sentido. As chuvas finas e contínuas de antigamente vêm cedendo lugar a chuvas esparsas mas com muito maior intensidade.
Isso quer dizer que calhas que suportavam uma grande chuva na época de construção do Jockey Club, hoje não são mais capazes de escoar a água dessas chuvas muito mais intensas.
Comparando a intensidade média de chuvas intensas (aquelas com duração de 5 minutos) de 30 anos atrás com a atual, verifica-se que passou de 172 mm/h para 250 mm/h, um acréscimo de 50%.
Inundações
Os parâmetros para cálculos de esgotamento pluvial em edificações parte sempre da pior situação. Pois 30 anos atrás, a chuva mais intensa era muito menor que a de hoje. Por conta disso, as calhas de escoamento das águas pluviais não conseguem mais esgotar o acúmulo de água nas grandes chuvas. E o telhado, envolto numa mureta (a platibanda), se transforma numa enorme piscina.
Essa água acumulada acaba se infiltrando na laje do teto e escorre deixando manchas nas partes internas do passadiço.
Detalhe dos extravasores da balaustrada do passadiço
Tratamento
Uma solução possível seria o aumento da área das calhas, de modo a escoar toda essa água adicional. Para isso, seria necessário recortar as paredes para instalar as novas calhas ou então instalá-las sobre as paredes externas. Seriam necessárias oito novas calhas, de 75 mm e 100 mm. Qualquer uma dessas soluções comprometeria a fachada externa do belo edifício.
Outra possibilidade é instalar extravasores nas platibandas, de modo que a água acumulada possa escoar por elas. Esses extravasores seguiriam o modelo encontrado nas balaustradas laterais, pequenas gárgulas de cobre com acabamento nas bordas. Esses extravasores entrariam em ação apenas no caso daquele evento extremo, de uma chuva intensa de 250 mm/h.
